Quinta dimensão




No outro dia estava a assistir a uma filme de terror. Estava tensa, embrenhada na história, embebida no suspense...quase com as unhas cravadas no sofá, olhos esbugalhados e dentes arreganhados...

De repente, na minha visão periférica, aparece um semblante ao meu lado. Assustada desvio o olhar do filme e vejo a minha cadela, kimé, sentadinha muito direita a olhar fixamente para mim.

Aiiii, desvio de novo a minha atenção para o filme cuja música estava em crescendo e eu sabia que ia acontecer alguma coisa. 

De repente, na minha visão periférica há movimento. A cadela tinha-se chegado à frente mas continuava sentada e a olhar fixamente para mim...o filme...era de terror e a cadela a olhar para mim...fixamente.

Nãoaoooooooo...apareceu uma cara horrorosa na ecrã, eu guinchei de susto e a cadela (assustou-se com o meu grito que veio das profundezas do meu ser) começou a patinar/correr sem sair do lugar. 
Quinta dimensão.

Tive que ir acalmá-la, tadinha e pô-la no quintal antes de fazer qualquer coisa que eu tivesse que ir limpar...e perder o resto do filme.

:P

O meu cão voou para outro estado

Agora só em sonhos é que o meu snoopy me poderá falar. Tem sido difícil gerir a ausência do meu anjo e já lá vão 7 meses...mas sei que encontrar-nos-emos algures no céu dos cães, para onde ele levantou no seu voo inicial.

O meu cão não me fala

Estive uma semana fora de casa. E estava desertinha para voltar em parte por causa dos meus animais. Apesar de ter quem me tomasse conta deles...há sempre aquela preocupação.

Devo ainda acrescentar que nessa semana eles não puseram o pé dentro de casa. Têm imenso espaço no jardim e muitas casotas, água fresca e sombra.

Quando cheguei...fui direitinha ao meu snoopy...o meu (cão) mais velho.
Viu-me! Abanou a cauda, deu dois "gritos" (porque nem sequer se pode chamar àquilo que ele emitiu...latidos) e foi para a porta de casa.

- Ai o meu cãozinho está tão contente por me ver!!!! gritava eu ao surdo e ele de nariz encostado com toda a força na porta como que a empurrá-la

Festinhas na cabeça e ele impaciente para que eu abrisse a porta, nem olhava para mim.

Aberta a porta foi em corrida (quando digo em corrida é a tropeçar em tudo até nas próprias patas, de orelhas a baterem no chão e elevadas ao ar, um espirrito e bumba em voo...quando digo em voo é deixar o corpo ir abaixo...é que ele já tem 17 anos) para a caminha dele...

- Anda cá meu maluco. A dona está cheia de saudades tuas...
Vocês olharam sequer para mim? Assim o fez ele. Não olhou, não mexeu as fuças, fechou os olhos e só faltou dizer, se falasse...ahhhhh isto é que é vida!!!!!

Acham que desisti? Não. Dei-lhe o desconto de - Ora, o desgraçadinho está cada vez mais surdinho, coitadinho...

Desloquei-me até à sua caminha e pus-me a dar-lhe festinhas...o maluco...olhou-me de soslaio...do género...deixa-me que estou em relax...a única coisa que me podes fazer é coçar as costinhas ou se quiseres...coça-me...a barriguinha.



A Agrura do passado no presente

 (continuação do post anterior)








Mas depois temos também o "verso da medalha"...o choque que se apodera de nós...o desgosto que ficou adiado para o "agora"-o momento a noticia-, de quem nos lembramos das conversas, sorrisos e risos que fizemos lá bem atrás.

Refrescamos a memória do seu rosto (adolescente porque nunca mais o vimos noutra idade) apenas com uma fotografia a preto e branco, que sorri para o fotógrafo com a inocência da idade e com a perspetiva de que o futuro seria tão bom/longo como o dos outros...

...mas que infelizmente jamais a poderemos contatar por facebook ou outra via qualquer. RIP!

A emoção do passado no presente





É muito engraçado, extremamente emocionante, que depois de tantos anos passados consigamos agora encontrar um rasto de (alguns) colegas já há muito perdidos...viva o facebook!



e podermos conversar com eles...coff coff... puxar por eles para conversarem connosco (alguns são...por falta de melhor palavra "tímidos" ou..."ocupados").


e com alguma sorte fazermos comparação do que foi, do que sonhámos e do que é!!!!


Trocarmos as frases que dissemos uns aos outros...nalgumas situações...em por vezes, o outro lado não se lembra (porque não deu importância)...

e do:

-"lembras-te do que o fulano disse à professora de filosofia?"
-"Não!"
-"Então disse-lhe tal e coiso!'!"
-"Ahhh pois foi, ela não percebeu o que ele quis dizer e mandou-o para a Rua!"
-"pois foi" Onde andará ele Agora?
- "não sei. Nunca mais o vi! Mas ouvi dizer que foi para Coimbra e casou-se por lá"
- "e lembras-te de..."
(...)

 Nota: No ano letivo de1988/1989 eu, numero 5, frequentava o 11ºC. 



Conversas perfeitas ao sabor dos maltesers


Lembras-te do que fazíamos?
Uma desafiava sempre a outra e a gula falava sempre mais alto (pelo menos no meu caso que não era preciso muito insistência...nenhuma mesmo).


Nem era bem a gula...era mais o que partilhávamos...

Daqui para a loja íamos a conversar...banalidades que, só a nós, nos divertia, de fio de lã ao pescoço e agulhas imaginárias em riste e lá íamos a tricotar ( e se tu tinhas jeito para a coisa- adorei a mantinha que fizeste) e da loja para cá...quem precisava de palavras?

Vínhamos com a boca cheia (eu vinha - tu eras mais comedida e tiravas um a um enquanto eu era logo uns três ou quatro) a saborear o momento.



Eu rasgava o saco dos malteseres (como só eu era mestra em fazê-lo) e começávamos a caminhar com o com o  saco no meio de nós...e ficávamos com os dedos todos peganhosos (eu, era mais a mão)...

Pensava eu: Se tenho os dedos sujos já sei que vou sujar a camisola, é certinho direitinho! - sorria para ti e dizia em voz alta: Camisola coiso (eu exprimia-me quase com urros e achava que pôr sempre a palavra coiso ou coisa no final que toda a gente compreendia...)

Tu pensavas: Antes que isso aconteça chupa melhor os dedos...e dizias em voz alta: - só se deixares!

Eu pensava: Sou uma desastrada, mesmo que chupe os dedos antes arranjarei maneira de sujar a camisola, nem que seja com baba!
e dizia em voz alta: é cármico!

e pensavas tu: Se tiveres cuidado não te sujas, minha porca!...e dizias em voz alta: -Não tens remédio! 

Eu ria-me e saltavam-me gafanhotos castanhos pela boca e pelo nariz. Já sabia que me tinha chamado "minha porca" em pensamento! E tu rias-te por veres que eu estava com o nariz cheio de ranho castanho.


E era assim. Em sintonia. Conversas perfeitas (do meu ponto de vista) que nunca foram faladas.





Descobri que estou a perder tinta do meu corpo!








É verdade...ando a desbotar!


Como vocês sabem ando no Karaté...há, mais ou menos, uns 3 anos.
Vou subindo, a pouco e pouco, de cinto o que quer dizer que vou trocando de cinto usado para novo...mas o fato/quimono é o mesmo que comprei no primeiro ano...

Posto isto, devo explicar que fato branquinho a levar com os ácidos que saem da transpiração levam a que certas zonas do fato comecem a mudar de cor e por consequência a ficar amarelado.

Portanto do meu fato, as calças começaram a ganhar uma cor amarelada na zona da cintura (sempre por dentro) e curiosamente o casaco começou a ficar...cor-de-rosa...????

Fiquei, tipo, ESTOU DOENTE!!!!

A minha transpiração deita sangue mas como o ácido é tão forte, a cor do sangue fica assim meio que sumida  ...onde é que já se viu eu transpirar cor de rosa e esta cor ficar permanentemente agarrada ao fato?

Dei voltas à cabeça...e formulei hipóteses...TALVEZ não esteja doente (UFA-vamos pensar positivo! Ok?)... o que eu sou é...

...uma espécie de SANTA...deito sangue na transpiração...logo devia ser objeto de veneração...

Não!

O meu filho me liga muito, já não me olha com aqueles olhos redondinhos que antes tinha e já vai pedindo para não o chatear - se lhe mostro os pés, quando me deito no sofá, ele desvia o olhar e às vezes é capaz de me dizer que têm um "ligeiro" cheirinho, portanto, depreendo que beijar os pés desta hipotética SANTA esteja fora de questão!!!!

E o marido...o marido também entorta muito os olhos quando olha para mim (deve andar a ficar vesgo - agora que penso nisso ele também faz um trejeito negativo às beiças quando fala comigo...huummmm...adiante)


....por isso...SANTA não devo ser...

SUPER-HEROÍNA????

E só agora começo a desenvolver os meus poderes? Que poderes...esguichar cor de rosa das costas e amarelo da cintura? Com que finalidade? Cegar algum possível meliante, se esguichar de cima? e se esguichar de baixo (cintura) acerto em quê? Como identificá-los se estou de costas?

Voltas e voltas da massa cinzenta até que me lembrei...

Que de facto tenho uma coisa nas costas!!! Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...pois é, bébé!

Estou a desbotar...a largar tinta...sim senhora.

Estou a largar tinta que me custou os olhos da cara para a pôr, nas costas!

Estou a descolorir a minha tatuagem!!!!


Devo pôr desodorizante nas costas (como aquele que se põe debaixo dos braços) para deixar de transpirar e assim conservar a tinta?

E se me começam a nascer pelos? Hummmmm...

A ver!






Sabem porque é que o João não notou que eu estava de pijama?




Ontem o meu dia estava todo planeado...

O objetivo era fazer todas as tarefas domésticas de manhã, estar com o almoço no bucho pelas 13 horas limpar a cozinha e lavar o chão até às 14 e preparar-me para ir para o jogo de futebol do filhote, que é guarda-redes.

Lavei as louças da casa de banho no andar de cima, lavei o vidro do móvel da casa de banho e estava a arrumar as gavetas desse móvel quando vi o meu estojo de maquilhagem (se é que se pode chamar, a um lápis preto para os olhos, um castanho para delinear lábios, um blush e algumas sombras para os olhos de estojo de maquilhagem).

Não sei porquê, mas tal como uma menina pequenina que se apanha, pela primeira vez sozinha com as "pinturas" da mãe...eu, tirei tudo para fora e comecei a "brincar". Com o lápis dos olhos fiz um grande risco por baixo do olho, gostei do resultado e fiz outro risco na pálpebra de cima...acabando o desenho do olho com uns riscos de lado "à Cleoprata" e "enchi" de preto tudo o que ficava entre os dois riscos...

Depois de achar que estava perfeita....que finalmente tinha o efeito de olhos grandes que merecia...apliquei sombras na parte restante das palpebras que restava pintar...até às sobrancelhas...upa upa que categoria!!!

Finalmente, contente com os olhos, pus o blush na cara...um mimo!

Olhei para as horas...xxiiiiiii....tinha que me despachar...com as tarefas...bom...e ficava com aquilo na cara? Sim. Pensei. Depois quando tomar o duche isto sai tudo! pensado e feito.

Embrenhei no resto do trabalho: fazer camas de lavado, aspirar, limpar pó e lavar.

Entretanto, o marido que tinha ido com um amigo, João, comprar febras para o jogo de futebol (de tarde) e ido ajudá-lo a trazer um leitãozinho (vivo - para criar)...chegou...com o amigo...e convidou-o para vir a casa tomar uma fresca.


Eu (que também não é costume porque assim que me levanto visto logo roupa) ainda estava de pijama e senti-me indecisa se havia de o vir cumprimentar ou não.
Pensei: o pijama é de homem, fechado quase até ao pescoço, e a bem da verdade ele já me tinha visto, no ano anterior, de fato de banho...portanto pijama...era peanuts! Apesar disso, bem repuxado na imaginação, o pijama parece um fato de treino...vá...e os homens são distraídos...ele com toda a certeza não ia reparar...

...levantei imediatamente, em termos psicológicos, a minha timidez e inibição e de nariz empinado fui cumprimentá-lo.

Os dois, marido e João, naturalmente muito sorridentes e simpáticos convidaram-me a ir espreitar o leitão que estava no carro.

Tão fofinho. Lindo, parecia um cãozinho com nariz de tomada. Não emitiu qualquer grunhido...nada...só apetecia dar beijinhos...fiz festinhas, em vez, porque o cheirinho a porco era inibidor a qualquer proximidade de lábios. Tão fofinho. Adoro animais.

Vim para casa com o sorriso estampado no rosto...não só por causa da fofura que tinha visto como pela realização de que ninguém tinha notado o meu pijama.

O João despede-se e vai à vidinha dele com o leitão.

Quando acabei de fazer o resto das tarefas domésticas, no piso de cima, venho para baixo e sento-me no sofá para tomar um pouco de fôlego e começar a tratar das roupas...

O marido que estava no sofá e perguntou-me delicadamente: -porque tens os olhos pintado assim?
-o quê?
- Esses riscos nos olhos...

Bareu-me a ficha!!!!Caiu-me tudo ao chão...

- O QUÊ? grito eu a correr para o espelho da casa de banho...esqueci-me, completamente, que tinha aquilo na cara...a Cleopatra em mim foi mordida pela serpente, naquele momento...se o blush que tinha nas maçãs do rosto não fosse tão "impressionante" tinha visto a minha "vergonha" espelhada....mas nem isso se via debaixo de tanta cor.


Por isso é que ninguém notou que eu estava de pijama...


Ps: E à conta deste acontecimento ri-me a valer toda a tarde...