Pobre Salmão...

Bom..todos sabemos que este peixe tem uma particulariedade peculiar...quando "se quer" reproduzir...viaja e sofre uma das transformações mais bruscas de que tenho conhecimento (da vida animal)
"O salmão volta do oceano à água doce para reproduzir, quase sempre ao mesmo rio em que nasceu. À medida que se aproxima a época da procriação, a cabeça do macho muda de forma, alongando e curvando a Mandíbula inferior em forma de gancho. "

E eu sabia desta transformação mas nunca dei o devido valor ao animal (nem sequer no prato). E que quero eu dizer com esta cena do Salmão? Não...não é sobre a queca...que os mata. Embora...tenha sido uma queca que me fez passar por tudo o que o Salmão passa.

Vejamos, tendo sido mãe recentemente, todo o meu corpo passou por uma transformação. Foi o inchaço nos seios, o esticar da pele, o aparecimento de sinais (já não me bastavam os que já tinha) mas foi a parte final que me chocou quando o corpo se prepara para a expulsão e começam as contrações. O corpo começa a "abrir-se" e tudo começa a doer. Não há posição que ajude, não há "drogas" que façam passar as dores desta última transformação. As "drogas" aliviam mas as dores ficam, nem a "mágica" epidural faz grande diferença. Depois de 15 horas em trabalho de parto, os meus gritos, no final pareciam os de um animal gravemente ferido e chego até a pôr a hipótese de que os médicos me enfiaram a máscara de oxigénio só para já não me ouvirem. Dizem as mais experientes que estas dores se esquecem...mas eu duvido que as possa alguma vez esquecer...principalmente...quando vir num menu ou mesmo no prato uma boa posta de Salmão.

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Bom...que fazer? Hoje tou numa de pôr os meus devaneios à disposição dos meus conhecidos ;)
sendo assim aqui vai a pior de todas mas prometo que (por hoje) será a última:
"Ela falou-lhe e ele gritou para se calar. Queria voltar atrás mas não devia conseguir voltar para além da sua asa. Queria esticar o pescoço mas a bola de Adão movia-se com a rapidez que uma lua leva a completar um ciclo solar. Ele andava atrás dela e por trás voltava a manifestar a sua ignorância, apontar o dedo era fácil o pior era enfiá-lo na ranhura da porta. Cala-te! Já não a podia ouvir! Quando a chuva caía as palavras histéricas jorravam daquela boca, angustiantes como duas bolas de ping-pong. Vem vai. Vem vai. Vai-te de vez besta-quadrada e quando desceres as escadas pergunta ao caracol se ele te leva para cima ou para baixo como um elevador redondo com casca partida. O ovo era mais fácil de partir que a unha do pé mas o verniz que o envolvia protegia de maleitas menores. Mas era ele que gritava e não ela. Então porque a mandava ele calar-se? Ele é que devia coser a boca de trapos com uma linha de teia de aranha. Aquela aranha que se encontrava ao canto da parede que quando as moscas pousavam atacava sem piedade tal era a sagacidade de aprisionar um insecto. O insecto queria voltar atrás mas não conseguia voar para além da asa, enredada naquele oleoso composto macerado pelo aracnídeo. Quantas vezes ele lhe pedia silêncio quando quem gritava era ele. Ele estava a ficar surdo. Qualquer dia fica mudo. Não compreendia que aquele grito era o dele, estava a ficar louco. Andava a saltitar no pó que as nuvens levantavam quando corriam para a beira do oceano que pacifico levava as suas correntes para outros mares até às profundezas da terra. Cala-te, gritava ele sem se fazer ouvir. Quantas vezes tenho que me repetir? O pó formava gotas nos pés, que doridos continuavam a espernear. Entrava-lhe nos pulmões como fumo de tabaco e a maçã-de-Adão movia-se para poder esticar opescoço. Quantas vezes mais? Já ninguém o ouvia porque ninguém falava, ninguém gritava, era contra a sua natureza estar sozinho. Onde é que estão as pessoas? Quais pessoas? Não estava lá ninguém. Ele nadava confortavelmente no penico que tinham posto debaixo da cama. Ultrapassava barcos gigantescos que flutuavam ao seu lado esquerdo. Quando respirava esticava o pescoço mas a maçã-de-adão impedia-lhe de abrir a boca. Para quê? Podia respirar pela picota onde algumas moscas tinham pousado antes. Mas a aranha continuava à caça. Dali não passavam as moscas. Tinha teias de aranha no nariz. Era para filtrar. Assim o pó que respirava cheirava-lhe a rosas vermelhas que se escondiam atrás do muro da senhora que gritava. Ou era ele que gritava? Sozinho, sem ninguém o ouvir, podia gritar, não fazia mal a uma mosca. A mosca já estava morta. Foi a aranha que a dissecou. Estava com fome e o raio da maçã-de-adão erguia até à macieira para recolher as folhas do chá. Acalmava, diziam eles. Mas se não era de camomila como é que podia aquilo pretender atingir os fins para que tinha sido criado. Abusavam da sua paciência. aquela coisa amarela não era chá, não podia ser e ele sabia-o porque tinha saído do seu próprio corpo. Não era suposto beber aquele líquido. Ele sabia-o não o podiam obrigar a beber, ele já por lá tinha passado quando nadava. Era melhor voltar para trás mas não podia voar para lá da asa. Então ia a nadar, não tinha outro remédio, podia ser que um barco parasse e o levasse para as profundezas da terra de modo a poder completar o ciclo lunar. Mas estava muito escuro e queria regressar. Esvaziaram o penico para a fossa mas era de lá que ele ia sair determinado a completar o ciclo solar. Queria a luz. Isso. Queria voltar a ver a luz que dentro do penico vinha filtrada pelas teias de aranha. Raios, esta mosca não me larga. Chata. Vai pousar na picota, sei que vai. Será a tua última vez. O cheiro a rosas intensifica-se com o passar dos anos. Foi a mulher que está atrás do muro que as guardou. Guardou-as num jarro fechado e regava-as com chá. Chá de maçã dizia a senhora por detrás do muro. Não! Esse não. Já disse que não o bebo! Era tal como o cinzeiro amarelo que aparecia em todos os quadros daquela outra senhora. Tinha mamíferos que saltavam de árvore em árvore com guinchos provocadoramente assustadores. Mas esses não podiam sair de dentro da picota, os fios tecidos pelo aracnídeo não deixavam passar nada mais do que o raio solar e para sentir a luz tinha que sair do penico. Cala-te mulher! Ou era ele que gritava? Estava a ficar surdo e não conseguia falar por causa da maçã-de-adão. Beba chá! Cala-te, estás sempre a gritar! Ou era ele que gritava? Não, não era ele. Afinal quem gritava era eu. Ajudem-me o penico é fundo!"

Não me esqueçam!!!

Isto hoje tá bonito! Aqui fica mais uma expressão de um dia de inspiração (se é que se pode chamar a isto inspiração),
31 de Dezembro de 2005

"Hum...espero e espero e espero....

Tou sempre à espera...e aposto que tu te foste deitar....

e espero e espero e espero...e ela não vem...nunca veio...naquele dia...foi a minha primeira decepção...esperei ...esperei...e olhava para o fim da rua e o carro nunca apareceu....

Fui esquecida...talvez propositadamente esquecida...mas ainda espero no topo da rua para ver se o carro dela chega...se chegasse...iria para a praia...saía de casa...nunca chegou.

E eu espero...espero mais uma vez por quem nunca chega...e sento-me...a olhar para o fim da rua...sento-me num banco e olho para cima...e vejo os ramos das arvores despidos de folhas...vem lá um carro e levanto-me esperançada...o carro passa sem parar...não era quem eu esperava...quem eu esperava esqueceu-me naquele dia!

Olho para o banco...não vale a pena sentar-me outra vez...a praia já era e o banco do jardim espera por outra pessoa. A minha primeira desilusão ... sem lágrimas...nem vale a pena...a vida encarregar-se-á de me dar desilusões mais duras...essas sim bastantes regadas!

Vencida, avanço para a saída, já não vejo os ramos das árvores só vejo terra e erva. A praça em reconstrução tenta trazer-me os ruídos da cidade mas só vejo a terra e nem consigo sentir o cheiro das ervas. Vou-me embora não vale a pena esperar mais. Fui esquecida naquele dia. Ela já não vem.

Resta-me agarrar na mochila que descansa no chão de terra...uma última olhadela ao fim da rua. Nada!

Nem se me sentar no banco do jardim...nem assim ela vem...foi para a praia sem mim...esqueceu-me...talvez mereça...afinal...fui eu que lhe pedi para abrir a porta de casa...há dois ou três anos atrás...e sem saber ela abriu a porta ao monstro da ignorância...eu mereço ser esquecida!

Eu nem tenho jardim, nem banco. Não me posso sentar. Vou-me embora! Vou para casa! Lá estarei...só e sonharei com a praia!


(apeteceu-me! è estilo Lobo antunes ...lol...mas é uma parte de mim...lol )"

Visitas a outros Blogs

Agora que estou em casa...em repouso...vou dando uma ou outra olhada a outros blogs...e como 'tou muito lamechas (credo! se isto continua assim...) deixei num deles um "coment". Então...no blog do Sr. Alvim e no post "Elogio do amor" deixei a seguinte mensagem:
"o Amor...é um caminho percorrido pela paixão descontrolada em sensacões que nos levam da extrema felicidade à tristeza. E até nesta tristeza se sente a felicidade de amar com toda a força da paixão. Mas por vezes a vida...leva-nos para espaços onde o desencontro fica de permeio...e quando nós damos pelo amor...puro...já ele foi conspurcado pela espera que a outra pessoa "sofreu" e ficou perdido no limbo...não mais amor...não mais paixão...não mais felicidade...mas sim desilusão pela tristeza instalada por não conseguirmos acreditar na ilusão. E deixamos de sonhar...é só nos resta a pergunta: Quem foi o primeiro de nós que deixou de sonhar? "
E com isto devo ter a mania que sou...filósofa!!!! Só pode!!!

Tributo à amizade

Este e apenas um copy/paste de uma dedicatória que fiz há um ano a uma amiga muito querida...
"Obrigada!
Só te quero dizer uma coisita: Ainda bem que pensas!
Porque assim completas uma parte do universo que é o teu, que te pertence, que te circunda numa linha recta e à qual unes cada um dos teus amigos! Dás ao universo dos outros uma parte do teu! Sobes ao céu e desces ao inferno mas és!
Quanto a mim, sabes que não sou muito física no que diz respeito às emoções. Não suporto muito o contacto físico mais íntimo, como um abraço, mas por vezes bem gostaria de o conseguir fazer. Mas essa disfunção a juntar a tantas outras só um psicólogo me conseguiria fazer ultrapassar.
No entanto o facto de não o conseguir demonstrar não quer dizer que não o sinta. E como descobri que escrever é bom devido à força que me deste, depois de leres umas linhas da meu suposto romance descobri também que esta é uma boa via para se dizer uma coisa ou outra e por isso insisto: Ainda bem que pensas!
Considera-te abraçada!"