Sexta-feira,
Saio sozinha do emprego, ponho a mochila às costas e as pernas a caminho, em direção à estação.
A meio caminho há uma percepção de mudança. No meio da cidade parece que está tudo silencioso.
A minha voz. Ausência da minha voz. Do meu riso ridiculo. Que delicia. Não tenho que fazer conversa nem tenho que estar atenta à conversa de outros. Vou silenciosa.
Ouço apenas o som da natureza industrializada. Enquanto alguns pássaros poem em dia o chilrreio por cima da minha cabeça ouço o avião que vai aterrar.
Deixo-me levar pelas pernas que o fazem automaticamente todos os dias e caio no barulho da minha voz interior e a primeira palavra que "ouço" é...babling.
Penso no curso dos pensamentos anteriores até chegar àquela palavra...babling.
E gaguejo mentalmente. Rio-me da minha própria parvoice. Até em pensamento não digo nada de jeito. Em conversa comigo mesma interrogo-me e sei qual a melhor resposta. E componho as frases. Tiro uma palavra e ponho outra para dar mais poder à locução. Grandes dircursos que ninguém ouve...
Sozinha. Em silencio.
Blabling.
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