Um dia no Hospital - Parte 2


Passamos para a mão da enfermeira. Dá-me um copo. Pede xixi. Dou-lhe xixi. Manda-me para a cadeira. Vem com a mesinha de apoio dela atrás tira o cinto para o braço enrola-me a coisa e diz: "se tiver veias nas mãos é preferível..."

Se tiver? que raio quis ela dizer com aquilo? Toda agente tem veias nas mãos e são sempre as mais visíveis. Atão eu não havera de ter também veias nas mãos? Isto só de gente que snifa muito desinfetante...

Agulha compridissima. Não me fez impressão...se fosse as unhas do médico...sim...mas a agulha...na boa...picada e jorra o sangue pro tubinho. Na boa...nunca tive problemas com isso. Mete um cateter e com um saquinho incolor, cheio de liquido, em riste diz-me: Este medicamente, geralmente, arde um bocadinho se não aguentar diga que eu diminuo a rapidez da gota" e foi-se.

Eu em pensamento: Não. Não arde. Ta-se bem...não, não arde...espera!...que raio é isto?...que é esta merda, caraças? Isto está-me a dar cabo da veias todas por aí a cima...ao jasus que me vai a chegar ao ombro...
 
Guincho, guincho que nem um porco em dia de matança. Os outros doentes a olharam para mim que destrambelhada saltava em cima da cadeira... parecia uma dança hip hop fast jump e break e acho que ouvi um "está  a doer, não é?"

 Eu em pensamento: Não amor, Não está a doer. Sou eu que estou a ouvir musica, canto e danço ao mesmo tempo, só para vocês assistirem ao show. Quero palmas no final, Ok?"
 
Pedi que chamasse a enfermeira entre espasmos e inalações de ar. Que já vinha. A bruta!!!

Quando chegou perto de mim: Então que se passa?

Eu em pensamento. Que se passa? Tou a ginchar, a transpirar, devo estar branca como a cal (senti o sangue todo a fugir para a parte trás das costas) e ela a perguntar o que se passa?

E a bruta a pensar:" ah, isto é do medicamento mas vou fingir que não sei, se ela quiser...que me diga sintomas, para sermos sociais. Temos que falar uns com os outros. Preciso de alguém que fale comigo. Podem pensar que estou ali na converseta com as minhas colegas, todo o dia, mas no fundo sinto-me só."

Pôs-me a cadeira noutra posição. Cabeça para baixo. Pés para cima...tudo esticadinho...parecia eu que estava na feira num daqueles carroceis que nos fazem o cabelo ficar em frente do rosto e acabamos por não ver nada do que acontece e só sentimos o corpo a ser levado para qualquer lado enquanto rimos compulsivamente feitos parvos. Pois...não. Não me ri.

CONTINUA

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