Love me...love me not


Há dias em que as pessoas parecem mais simpáticas para mim.


Anteontem, por exemplo, durante a manhã, porque estava extraviada de fome e não havia maneira da minha Sandrine chegar (ela tinha tirado um dia de férias...como podia?) fui ao café sozinha, atrás de mim vêm um colega meu que estranhamente se mete ao meu lado e entabula conversa (digo estranhamente porque, noutras ocasiões, este colega prefere comer sozinho no café a olhar sequer para as minhas trombas). Foi simpático.

Ontem, por exemplo, enquanto abria a porta do trabalho pelo lado de fora um colega meu abriu a porta por dentro e cumprimentou-me com um sorriso de orelha a orelha (ainda estive para dizer que com um sorriso daqueles já tinha ganho o dia mas como não é hábito esse tipo de linguagem com aquela pessoa e para não ser mal interpretada fiz um frrzzzzz com a língua, não saindo qualquer outro som, mas também lhe sorri). Foi muito simpático.

O senhor Gilberto, do café, (aquele que faz trejeito esquisitos com a boca e com as mãos quando nos vê chegar e que está sempre com a tenaz dos bolos a abrir e a fechar) numa conversa que teve comigo chamou-me menina. Xiiiii...ao tempo que não me chamavam menina...ele de facto é mais velho mas nunca me tinha chamado menina.

Mais tarde, a entrar no comboio ( e vocês sabem que na hora de ponta para entrar no comboio se conseguirmos meter os pés no chão é uma sorte) um senhor cedeu-me passagem com um sorriso nos lábios. Fiquei super contente, agradeci (óbvio) e fui com o traseiro refastelado num banco à minha escolha. Foi muito muito simpático.

Hoje de manhã, foi o senhor do passe...está sempre a brincar. Pede-me sempre 2 mil e tal euros pelo passe (hoje passei-lhe 3 notas de 10 euros e perguntei-lhe se dava para cobrir os 2 mil ao que ele respondeu que ainda tinha troco) e é sempre muito simpático enquanto vende o bilhete e quando se despede com "e um bom dia para si".

São estas pequenas nuances, em dias de sorte, que contam porque no resto do ano as pessoas mal se olham, fogem visivelmente ao contacto visual, fingem que não nos conhecem quando nos encontram na rua, andam sempre trombudas e mal dispostas. Sorrisos nem vê-los.

Parece que num dia gostam de mim...nos outros dias, do ano, não!

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