Parte V
Confusa sobre a minha localização sentei-me, exausta, para descansar um bocadinho. Parecia-me que tinha ficado horas dentro daquela água imunda. Tinha um fedor que a pouco e pouco me estava a deixar de incomodar.
No entanto aquela sensação de que não estava só, de que alguém me observava, não desaparecia.
Encostei os joelhos ao corpo para me aquecer mais depressa e repousei por uns segundos a cabeça em cima dos meus braços cruzados. Não podia adormecer. Se o fizesse ficava vulnerável ao que quer que estivesse lá fora.
Pensei na minha mãe e nos meus irmãos, que seria feito deles? Estariam realmente a salvo? Com gostaria de os ver ou de pelo menos saber noticias deles.
O vento lá fora fustigava fazendo sons aterradores. Ouviam-se, ao longe, ruídos produzidos por animais. Eram tão assustadores que pensei em acender uma fogueira para manter afastado algum predador mas não me atrevia. Não queria que me localizassem. Terei que aguentar esta noite aqui, acordada!
Acordei sobressaltada com um movimento. Adormeci sem ter dado por isso. Quando abri os olhos, ao nível do chão, vi 6 pés descalços à minha volta e levantei-me de um salto.
Infelizmente, estava desarmada e tinha três lanças encostadas à minha barriga. Um dos meus captores falou comigo rispidamente mas eu não conhecia aquele dialecto. Por isso, fui empurrada até à entrada da gruta com as lanças e apercebi-me que estava no meio de uma pequena aldeia, cujas casas ficavam em cima das árvores. Fiquei abismada. A aldeia não estava ali ontem ou pelo menos não tinha reparado nela.
Vi cabeças que se escondiam quando eu olhava, impressionada pela descoberta, e de repente chegou-me ao nariz um cheiro distinto: comida.
Estava esfomeada e nem me tinha apercebido. Já há um dia que não engolia nada. Senti uma náusea e por causa do cheiro fiquei zonza.
- Podem dar-me água? - perguntei eu a um dos 3 captores. Eles assustaram-se e encostaram as lanças ameaçadoramente ao meu corpo, picando-me ligeiramente. Eu mantive-me o mais imóvel possível sem saber o que fazer. Seria fácil derrubar dois deles mas o terceiro conseguiria fazer-me mal. Além disso havia muitos mais em cima das árvores que com certeza não teriam qualquer dificuldade em atingir-me.
- Por favor. -pedi eu obrigando-me a falar mais docemente. - Água!- e fiz o gesto habilitando-me a uma picadela mais funda.
-Áua?- perguntou uma criança que desceu, curiosa, da sua árvore com um desembaraço notável. - Gliec? Nham nham
-Água! Glu glu e comida nham nham....por favor!
Depois da primeira semana e daqueles primeiros contactos, um pouco conturbados, os meus captores afrouxaram a vigilância e eu já me movimentava, de forma ainda limitada, na aldeia.
De noite dormia num tronco largo no qual adormecia preocupada se acordaria no dia seguinte estatelada no chão...ou se sequer voltaria a acordar caso caísse. Os nativos de dia faziam as suas tarefas de forma descontraída. A mim coube-me o entretenimento das crianças. Embora não soubesse muito bem se era eu que as entretinha ou se eram elas me guardavam.
No entanto aquela sensação de que não estava só, de que alguém me observava, não desaparecia.
Encostei os joelhos ao corpo para me aquecer mais depressa e repousei por uns segundos a cabeça em cima dos meus braços cruzados. Não podia adormecer. Se o fizesse ficava vulnerável ao que quer que estivesse lá fora.
Pensei na minha mãe e nos meus irmãos, que seria feito deles? Estariam realmente a salvo? Com gostaria de os ver ou de pelo menos saber noticias deles.
O vento lá fora fustigava fazendo sons aterradores. Ouviam-se, ao longe, ruídos produzidos por animais. Eram tão assustadores que pensei em acender uma fogueira para manter afastado algum predador mas não me atrevia. Não queria que me localizassem. Terei que aguentar esta noite aqui, acordada!
Acordei sobressaltada com um movimento. Adormeci sem ter dado por isso. Quando abri os olhos, ao nível do chão, vi 6 pés descalços à minha volta e levantei-me de um salto.
Infelizmente, estava desarmada e tinha três lanças encostadas à minha barriga. Um dos meus captores falou comigo rispidamente mas eu não conhecia aquele dialecto. Por isso, fui empurrada até à entrada da gruta com as lanças e apercebi-me que estava no meio de uma pequena aldeia, cujas casas ficavam em cima das árvores. Fiquei abismada. A aldeia não estava ali ontem ou pelo menos não tinha reparado nela.
Vi cabeças que se escondiam quando eu olhava, impressionada pela descoberta, e de repente chegou-me ao nariz um cheiro distinto: comida.
Estava esfomeada e nem me tinha apercebido. Já há um dia que não engolia nada. Senti uma náusea e por causa do cheiro fiquei zonza.
- Podem dar-me água? - perguntei eu a um dos 3 captores. Eles assustaram-se e encostaram as lanças ameaçadoramente ao meu corpo, picando-me ligeiramente. Eu mantive-me o mais imóvel possível sem saber o que fazer. Seria fácil derrubar dois deles mas o terceiro conseguiria fazer-me mal. Além disso havia muitos mais em cima das árvores que com certeza não teriam qualquer dificuldade em atingir-me.
- Por favor. -pedi eu obrigando-me a falar mais docemente. - Água!- e fiz o gesto habilitando-me a uma picadela mais funda.
-Áua?- perguntou uma criança que desceu, curiosa, da sua árvore com um desembaraço notável. - Gliec? Nham nham
-Água! Glu glu e comida nham nham....por favor!
Depois da primeira semana e daqueles primeiros contactos, um pouco conturbados, os meus captores afrouxaram a vigilância e eu já me movimentava, de forma ainda limitada, na aldeia.
De noite dormia num tronco largo no qual adormecia preocupada se acordaria no dia seguinte estatelada no chão...ou se sequer voltaria a acordar caso caísse. Os nativos de dia faziam as suas tarefas de forma descontraída. A mim coube-me o entretenimento das crianças. Embora não soubesse muito bem se era eu que as entretinha ou se eram elas me guardavam.
Havia uma tensão no ar! Eu sentia na reacção dos nativos. Quando o sol "tocava", no final da tarde, na entrada da gruta começavam todos a apressarem-se e a fecharem-se nas suas casas. Nem as crianças, sempre curiosas, se atreviam a desobedecer!
Agora percebia porque a aldeia não era "vista" por qualquer pessoa. Quando se chegava quase ao pôr do sol era subido um sistema de rede feitas de lianas e folhas e a aldeia ficava disfarçada. As árvores eram só árvores, ao olhar vindo de baixo para cima, e qualquer comunicação entre casas era feita sob um código de ruídos que imitavam animais.
Finalmente, numa noite percebi o motivo da tensão! Espiões...e o que vinha a seguir.
Foi dado o alerta e entre mímica percebi que devia ficar em silêncio. Toda a gente se recolheu e passados uns dez minutos eu vi a superfície coberta de espiões. A cantilena da floresta começou tal como na noite em que eu a tinha percorrido. Era assombroso aquele barulho entre o vento e a troca de informação, que ia e vinha desde os habitantes mais distantes até aos do centro da aldeia.
Enquanto havia movimento os aldeões comunicavam entre si para passarem números e tipos quando os movimentos na superfície paravam também paravam os sons produzidos pela floresta.
Atrás dos espiões vinham os caçadores. Eram cerca de uns duzentos espiões que estabeleciam um perímetro de segurança aos cerca de 15 caçadores. O caçador era meio homem meio máquina e cuja arma mais letal que possuíam residia no olho vermelho que decorava o rosto sombrio. Vi-os na clareira a fazerem uma fogueira, que deixou no ar aquele cheiro a carvão queimado, enquanto se reuniam.
Sabia que eles andavam no meu rasto. Em breve teria que sair desta aldeia.
(Continua na parte VI- texto que será feito pelo Filipe)
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