Observada!!!



Parte IV

Cheguei ao final da passagem e atirei-me!
Sem hesitar, mergulhei nas águas gélidas e imundas do rio que lavava as fundações da cidade. Na realidade este sempre foi conhecido pelas suas pestes e pragas que ia espalhando pela cidade. Todos os esgotos eram naquelas águas depositados, o seu aspecto era terrível, havia uma leve bruma sob a superfície nas zonas em que a água estava parada, noutros locais, existia uma forte corrente que criava uma espuma cinzenta, como que dando vida às vidas mortas que queimadas foram no crematório.
Mas mergulhei, a ânsia de liberdade era mais forte e os perigos e receios que aquelas águas encorpavam, eram minúsculos comparativamente com o estar presa numa cela sem luz e sem ar. Mergulhei… deixei-me levar pela forte corrente, deixei de ver por onde ia passando, perdia totalmente a noção de onde estava… sei que na confusão daquelas águas bravas conseguia ainda escutar vozes de gentes nas margens do rio.
Meu medo maior residia na possibilidade de encontrar um espião naquelas águas, embora soubesse que aqueles mini-robots não estariam devidamente preparados para operarem na água.
Continuei sem rumo deixando-me levar unicamente pela corrente do ri, na verdade era mais um dos dejectos que a cidade rejeitava e no rio caminhava.
Dei por mim em águas mais calmas junto a uma enseada envolvida por uma floresta sombria. Sem mais demoras, e ainda sem saber bem onde estava, saí da água e rumei para o interior da floresta.

Era um local sombrio, envolto em névoa…a visibilidade era quase nula, havendo apenas o luar que timidamente penetrava o interior da floresta. Existia um som estranho… o vento parecia sussurrar mensagens secretas na copa das árvores, e alguns desses sussurros que caiam das árvores rumo ao solo eram imperceptíveis. Aquela melodia fez-me reavivar uma memória antiga. Quando era criança, lembro de escutar uma lenda antiga sobre uma floresta que atraía ao seu interior as almas perdidas de Limpia; depois de na floresta penetrar, só de lá conseguia sair aqueles cujo espírito e vontade fossem realmente frios ao ponto de não se deixarem levar pelas artes e manhas escondidas na floresta.
Sempre houve um mistério sobre aquela terra, quem de lá conseguia regressar, nunca comentou muito o que lá viveu, restando apenas uma música, em forma de assobio, que essas pessoas esporadicamente libertavam. Recordo esse assobio…e a música que agora escutava fez-me lembrar a lenda da Floresta de Mesopolis… ou a chamada Lenda dos Perdidos; dos perdidos porque havia dois grupos de pessoas que passavam por essa floresta: os perdidos e que não mais regressados a Limpia, e os perdidos, que apesar do seu regresso a casa, estavam perdidos no tempo, nas memórias…continuavam ainda com a alma na floresta.
Pensei em tudo isso enquanto continuava a correr pela floresta. Entre tropeções e quedas, ia correndo com todas as minhas forças…nem lembro de escutar a minha respiração, apenas tinha em mente as histórias do passado, a vontade de fuga…e os ouvidos presos àquele persistente som que das árvores caía e em mim mergulhava.
Parei durante uns segundos para recuperar o fôlego e nesse mesmo momento, o silêncio instala-se na floresta… retomo a correria e novamente a melodia de fundo estava bem presente em mim. Pouco tempo depois, voltei a parar uns segundos e uma vez mais o silêncio instalou-se… prendi o meu pensamento naquele pormenor…nesse entretanto, reparei numa sombra que o luar reflectia dos céus…era uma ave de rapina que voava em círculos. Aquela imagem fez-me tornar mais presente a vontade de não regressar ao Círculo de batalha…não, não poderia regressar, não poderia passar novamente por tudo aquilo.
Depois de pensar devidamente em todos estes factos, pressenti que estava a ser observada…o meu olhar estremeceu ao mesmo tempo que essa sensação se tornou cada vez mais física. Aquela melodia que escutava enquanto corria, não seria mais que o feitiço da floresta a comunicar os meus passos a um esquadrão de espiões…havia naquela sonoridade um pulsar artificial, como que o vento, que produzia aquele bailado na copa das árvores aquando da sua passagem, não fosse realmente o vento…mas sim ondas magnéticas que ia deflectindo um eco sempre que sentia o calor humano presente e em movimento.
Certamente que os espiões estariam por perto, ansiosos por derramar o seu veneno na minha pele…
Estremeci só de pensar… não, não poderia ser apanhada… corri…corri…corri…até que vislumbrei um espaço onde a lua se fazia mais sentir… era um espaço… em forma de círculo…rodeado por árvores imensas…e no meio, a réstia de uma fogueira apagada há muito mas que emanava ainda um calor difícil de explicar…
Parei naquele local… sentia-se no ar um cheiro intenso a carvão queimado, cheiro intenso demais para tão reduzidas cinzas… Levanto o meu olhar para a lua, como que buscando um rumo… uma companhia, e no movimento que leva o olhar ao alto… vejo do meu lado direito o reflexo brilhante de cristais graníticos em forma de estrelas. Dirigi-me para lá, era um enorme bloco de granito… que escondia a entrada para uma gruta; não pensei duas vezes… certamente que o eco magnético não me iria achar ali no interior da rocha…
Entrei na gruta…


(Continua na parte V.)

Este texto é da autoria do Filipe

10 comentários:

  1. Opá... ia eu toda lançada já a pensar "Ai é desta que a minha Kru vai levar uma ode daqui até à China", mas ia mesmo cheia de vontade de escrever mil elogios quando... eis que... vejo que quem escreveu esta parte do texto foi o Filipe...
    ...
    ...
    ...
    ProntoSSS... tá bonzito o texto. Não está mal. Continua... se te apetecer muito, claro...

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  2. Eu sei...eu sei sandrine... tá fraquinho o texto... mas convenhamos que, quando se tem em mente q és tu a heroina desta treta... convenhamos que nao ajuda nada! Mas pronto... pelo menos tentei! Alias... a entrada na gruta tem mesmo o intuito de... ela desmoronar-se e tu ficares la dentro para todo o sempre... tens é sorte q a tua amiguinha vai continuar com a historia...senao... nao ias durar mt mais...oh... pindérica!

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  3. Pindérica????
    PINdérica????
    PINDÉÉÉRRRRRIIIICCCCCCCAAAAAAAA???

    Oh meu magano. Agora é que se vê que a tua escrita deixa muito a desejar. Sim porque até agora aqui a "Pindérica" deu sempre por ela a pensar (coisa que acontece muito para os meus lados e pelos vistos non tropo para os teus) "Coitadito... para além de ser Homme pfff não deve ter nada que o incentive a ter uma escrita sublime, bonita, charmosa... não tem, neste mundo cinzento alguém que lhe dê alguma cor"... E agora tu vens dizer que a heroína deste texto sou eu e isto (sim ISTO) foi o melhor que conseguiste???
    Pffff.... O mundo está mesmo perdido!
    (being ironic... ;) )

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  4. Pois pois pois... o mundo está perdido mesmo... ate te deves achar q és a rosa do ventos que arrendonda a saia ate que o mundo encontre o.. norte! éh!

    Fique sabendo... ó.. coisinha... quero lá saber q penses muito ou pouco... vivace, andante, allegro ma non tropo... ou coisa q a valha.. se tens um andar tropo... ou erudito... quero la saber... só acho estranho que, mesmo sabendo q era eu quem teria a cargo o IV (pra nao dizer «quarto» q ainda pensas em coisas e mai num sei quê) episódio... ainda te deste ao trabalho de me ler...

    Éh... memo básica... pra além de pindérica é básica!

    (boing 747)

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  5. Não sou, meu caro e ilustre Patego, a rosa dos ventos que arredonda o norte mas sim a brisa que o faz girar. Sim, porque tenho em crer que cada um tem que encontrar o seu Norte e você, minha digníssima Avestruz, já se viu que seguiu os seus desejos mais profundos e encontra-se escondido numa gruta não sei se à espera que ela vá abaixo ou apenas porque tem medo das sobras que lhe assombram as noites, mas encontra-se nela recluso sem um norte que lhe sirva ou uma rosa que o oriente.
    Quanto a ler o IV... oh meu ilustre paquiderme... nem eu, nem ninguém, sabia já que era a sua vez porque.... pelos vistos o seu boing despenhou-se nos entretantos e demorou eternidades a escrevê-lo!!!

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  6. Cool...

    Vocês insultam-se e estão a adorar

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  7. Mas que léxico mais apurado que a carrissima (nao é q saiba o preço... mas... fica sempre bem fazer de conta q alguem vale mt!) e dignissima (tb é um termo engracadito) Saloia... fique sabendo que a soma do quadrado dos catetos é igual à hipotenusa... por isso, não é de admirar que os pinguins estejam em perigo de extinção lá pelos lados dos Andes.

    O q tu queres sei eu... oh Torresmo de salto alto... vê se arranjas algo mais util pra fazer do q estares a aturar um Paquiderme (amei este nome... acho q me fica a matar... és mesmo kiduxa... patuchinha).

    Quanto ao boing q se despenhou... a ideia era mesmo despenhar-se torre de control q tens na cabeça... mas com receio de grutas alheias... atirou-se ao mar na esperança q lhe chamasses de tarzan! Pior sorte teve o F16 da Força Aerea... que ao sentir no seu radar a tua presença... rumou ao pinhal de leiria e enfiou o focinho na areia... pra nao mais sentir a tua presença... oh geropigueira!

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  8. Já estou a ver que graças a este pequeno duelo verbal o meu querido já descobriu a sua veia artística:
    a BREJEIRICE!!!!
    É sempre bom quando nos encontramos não é??

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  9. Brejeirice?! Pois... ha que adequar o nosso discurso a quem nos dirigimos... assim, para q melhor me entendesse, teria que lhe falar da forma que mais e melhor domina!

    Ai é sempre bom qd nos enconntramos?! cuidado... essa frase pode levar a certas e determinadas interpretações!

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