Em andamento


Parte VI


Não foi preciso dizer nada aos meus captores. Eles próprios acharam, em reunião de conselho tribal, que a segurança da aldeia poderia ser comprometida pela minha presença, ou pelo menos assim o entendi.

Entre o que já conseguia perceber do dialecto deles e pela linguagem gestual percebi que aquela trouxa lançada para o meus pés poria fim à minha estadia ali.

Munida de uma lança, oferecida pelo chefe da aldeia, deixei para trás o que nos últimos meses se tinha aproximado de um lar. Com a tribo tinha aprendido a detectar os sons da floresta, os sons dos seus habitantes e os sons dos visitantes. Aprendi o mais importante - o som do silêncio. Ensinaram-me a movimentar-me silenciosa e a sobreviver. Sabia quais as ervas comestíveis e como absorver algum suco de outras.

Depois de algumas passadas voltei-me para trás para dar uma última olhada para a aldeia e para minha grande surpresa não a vi. Olhei melhor tentando descortinar uma rede que fosse ou algum movimento involuntário mas não detectei nada.
A única prova que tinha de que aquela aldeia existia era a trouxa e a lança que trazia comigo e...os sons, que agora reconhecia.

Passei pelo local onde um dos caçadores tinha ateado uma fogueira e aquele cheiro tão intenso entrou-me pelas narinas lembrando-me que devia sair dali o mais depressa possível.
Continuei a minha caminhada sem rumo certo seguindo indicações, mal percebidas, dadas pelo chefe tribal.
No final de três dias pensava que podia estar a andar em círculos ou ter-me embrenhado muito mais na floresta. Perdia-me constantemente em pensamentos com
saudades da minha mãe e irmãos. Continuava sem saber nada deles.

Depois de uma semana a vaguear cheguei à orla da floresta e vi um belíssimo descampado à minha frente.
Vi uma criança sozinha a correr e fiquei contente. Se existia uma criança existia uma família e onde existia uma podiam existir duas ou três.
A criança uma menina com cerca de 8 anos, vestida com peles de animais e couro, quando me viu ficou imóvel. Numa mão tinha uma lebre morta e na outra tinha uma faca.
O seu olhar não era nada amistoso e quando me aproximei ela largou o cadáver e pôs-se em posição de combate.
Eu levantei os braços em sinal de paz e ouvi um zunido seguido de outro perto da minha cabeça. Quando me apercebi estavam cravadas no solo várias setas a delinear o sitio para onde, supostamente, não podia avançar.

Voltei-me para ver quem era o ofensor e vi sair da Floresta, uma a uma, cerca de vinte mulheres enormes com grandes arcos esticados.


(Continua parte VII)

Ps: Esta parte era para ser feita pelo Filipe que por falta de tempo nao poderá continuar com o desafio.

Imagem de Luis Royo, todos os direitos reservados ao abrigo da lei do copyrigth

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