Pensar ou não pensar? Eis a questão!

Há dias que nos cansam e ontem foi um deles. Depois de chegar a casa e desejar ter tido a inteligência de há cinco anos ter ido comprar um peixe (daqueles que vão mudando de cor consoante o número de vidas) em vez de um cão que precisa de ir à rua e que me enche (literalmente) a casa de pêlos, de ter ido sofrer para o ginásio durante quase duas horas, de ter voltado a casa, limpar a casa (estava com um bocado de neurita por isso... quem agradece é a casa), apanhado e estendido roupa, bla, bla, bla... agradeci aos anjos quando finalmente entrei para a banheira.

Uma vez debaixo do chuveiro (onde fiquei imenso tempo a sentir a ‘chuva’ morna a cair-me no rosto, a deslizar pelo corpo, e eu que nem estátua, ali petrificada, só a sentir o calor das gotas), dei por mim a pensar! Normalmente não penso... chego a casa, meto um som qualquer, fico para ali a assustar os vizinhos com a minha voz e não dou tempo a mim mesma para pensar. No entanto, ontem fiz uma coisa que nunca faço... não meti som nenhum... no chuveiro apenas a água a escorrer se ouvia, e na minha cabeça mil pensamentos me assolavam.
Saí do chuveiro e conforme desligo a água e pego no toalhão de banho ... o silêncio! Nem um som pela casa toda. Fiquei assim parada, de cabelo molhado e toalha em roda a ouvir o silêncio. Não me assustou, não me entristeceu... pelo contrário, soube bem! De repente dei por mim a pensar que essa era uma das vantagens de se morar sozinha e fiquei a pensar seriamente se quereria ver essa calma abalada. Não é que eu também não deseje ter crias minhas... não sei é se o conseguirei fazer, não sei se conseguirei optar. Se formos a ver os sobrinhos e filhos de amigos (sobrinhos emprestados) já me enchem a vida e me alegram qb.

Como é que se decide uma coisa assim? Quando é que se consegue deixar de ser egoísta e passamos para o espaço do altruísmo?
Estarei apta a fazer esta transição? Será que me apetece passar os dias de volta de máquinas de roupa e tachos?

Uma coisa vos garanto... tão cedo não volto a chegar a casa sem meter um cd a tocar! É que às vezes pensar custa!