Batatas Fritas


Não, não vou falar de outro dos meus pecados. Vou continuar a falar dos pecados dos outros. Calma, a associação de ideias torna-se clara mais adiante.
Ontem falei do Tio Günter e dos seus esqueletos no armário. Mas hoje achei que podia continuar na mesma onda, uma vez que outro assunto da actualidade entra nessa categoria e também tem ver com batatas fritas. Estou a falar do Mark Foley, congressista republicano que teve uns problemas com rapazinhos recentemente. O assunto torna-se particularmente interessante se pensarmos que a América está a ir a votos precisamente hoje.
Ora antes desta situação, este senhor tinha ficado famoso por duas situações. Primeira: consta que por sugestão deste senhor, as batatas fritas (French Fries) na cantina do Congresso passaram a chamar-se Freedom Fries após a oposição da França à guerra do Iraque. Considerando que a França tinha razão em opor-se à guerra (armas de destruição maciça, onde estão vocês?) e que a maioria dos americanos agora só quer ver as tropas americanas de lá para fora, foi uma medida de enorme relevância…
Segunda: À imagem do seu partido, este cavalheiro criticou duramente o tio Bill quando este se meteu com a Mónica. Certamente não se terá lembrado que tinha para lá umas estruturas ósseas no seu armário, que a meu ver são muito piores do que os esqueletos do Bill.
E onde estavam os nossos amigos republicanos no meio disto tudo? Calados que nem ratos quando sabiam este simpático andava a ter comportamentos impróprios com os pajens adolescentes do Congresso há mais de um ano. Resultado: São capazes de perder a maioria no Congresso e Senado para os democratas, sem que estes tenham tido grande mérito, nem tenham feito muito por isso.
Moral da história? Há vários. Se tens telhados de vidro, não atires pedras ao telhado do vizinho é um deles. Este ditado tão simples e singelo já devia ter sido aprendido pelos políticos, criaturas infelizmente tão dadas ao pecado e sempre a cair em tentação. Mas não há maneira dos gajos aprenderem, caraças.
Claro que o cavalheiro veio a público com desculpas. Coitadinho, aparentemente foi abusado por um padre católico em pequeno. So what? Decidiu por isso vingar-se nos miúdos que tinha mais à mão? Quando é que isto deixa de ser desculpa para os abusadores de crianças?
Outra desculpa foi, coitadinho de mim que sou alcoólico e até vou para a reabilitação. Cuidado, pessoal, agora beber torna-nos pedófilos… Eis uma que nunca tinha ouvido.
Quem nunca pecou que atire a primeira pedra, mas este senhor estava mesmo a pedir que chovessem calhaus…

PS: A propósito da primeira pedra, lembrei-me desta anedota que não quero deixar de partilhar com vocês:
Cena bíblica, Maria Madalena está prestes a ser apedrejada por uma multidão furiosa. Chega Jesus Cristo, que diz: Meus irmãos, quem nunca pecou, que atire a primeira pedra.
A multidão recua, mas uma pedra é lançada, atingindo em cheio Maria Madalena, que fica estatelada no chão.
Jesus Cristo dirige-se ao homem que atirou a pedra, por sinal português, a quem pergunta: Meu filho, tu nunca erraste?
Responde o português, orgulhoso: A esta distância, não.
Não consta que estivessem presentes no local quaisquer batatas fritas…
Este post começa a fazer-me fome...

3 comentários:

  1. Exacto... no fundo voltamos um pouco ao Gunter não é?! se tens telhados de vidro talvez seja melhor não ciritcares... pq depois os vidros partem-se e é tramado!!!!!

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  2. Eu a falar em “atirar a primeira pedra” no comentário do post sobre o Günter Grass...
    Eu gosto de batatas fritas, e estou me lixando se são francesas ou belgas – sim, que os belgas reclamam para si a autoria desta fabulosa invenção!!!
    Quanto ao congressista... o fulano é americano, de que estavas à espera?! América, terra dos falsos puritanos…

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  3. Confirma-se que os Republicanos perderam. Vamos lá a ver se isso tem algum reflexo que se veja na política externa americana.

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