Refer


A menina anda enervada. Ai que crise. Ando para trás e para a frente. Meto as mãos nos bolsos e resmungo com as pessoas que passam sem elas ouvirem porque o faço só com o pensamento. Ando de um lado para o outro, num tormento, e vou soltando “cabrões” em silêncio. Já quase fiz um buraco no chão de tanto andar dali para aqui e daqui para acolá.

Saíram os novos horários do comboio. A menina olha para o papel e tem as lágrimas à beira das pálpebras. Dá mais uns passos enervada e olha para o papel. De momento só vê uma imagem retorcida e aumentada pela quantidade de água que está quase a fazer bunjee jumping. Antes de a imagem começar a fazer a dança do ventre havia uns números impressos no papel. Os números caíram em desagrado à menina. E a menina chora de desgostos. Mudaram os horários dos comboios vou chegar muito mais tarde a casa. Se já chegava tardíssimo agora…buuuuuaaaaaaa. Choro. Choro para acalmar tanto frenesim que cresce dentro de mim….porquê meu deus?

Chego-me a um senhor na estação em busca de conforto em palavras solidárias…nada! Riu-se todo contente. Ele vai chegar mais cedo a casa. Eu não…eu vou chegar mais tarde! e o Sr. Ainda teve a amabilidade de me explicar que foi por causa dos horários dos Alfas e inter-cidades que os horários mudaram…Então os outros andam a passear e uma pessoa que trabalha é que tem de ceder nas horas? Pergunto eu em silêncio. Buaaaaa….atiro-lhe um olhar magoado e entro no comboio que acabou de chegar. Vou todo o caminho de beicinho esticado e de braços cruzados…quando o pica passa nem bom dia lhe dou, como vingança. Mais nada! Provavelmente no regresso atiro a língua de fora ao outro pica…só em pensamento!

2 comentários:

  1. Oh, K, nem toda a gente usa o Alfa a passeio. Queres um exemplo? Eu, que ainda hoje fui e vim do Porto.
    Mas estou solidária com a tua dor. Acho que devia haver uma linha diferente para os rápidos para impedir que se estorvem uns aos outros.

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  2. Estou de acordo "miss precious" só uma linha para os rápidos resolveria o problema. Até lá temos que aguentar...

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