Cancro por abraços?

Li esta notícia ontem no Yahoo! Brasil, daí o português brasileiro:
"O Ministério de Defesa do Reino Unido indenizará uma mulher que assegura ter contraído câncer por causa dos abraços que durante anos seu pai lhe deu. O homem morreu da doença após ter ficado exposto ao asbesto (variedade impura do amianto muito utilizada na indústria) em seu trabalho em um porto de propriedade do Governo, informou hoje a "BBC".Debbie Brewer, de 47 anos, mora em Plymouth (sudoeste da Inglaterra) e sofre de um mesotelioma, câncer do tecido do revestimento torácico, vinculado com a exposição ao asbesto.Em comunicado, o Ministério admite sua responsabilidade e assegura que pretende "chegar a um acordo apropriado o mais rápido possível".

Esta tendência dos “media” para simplificarem tudo só dá azo a mal-entendidos. Custava muito explicar, logo de abertura, que a mulher ficou exposta ao amianto pelos abraços que o pai lhe dava e que essa exposição a uma substância cancerígena é que lhe provocou cancro? De duas linhas, passavam a três e não havia confusões.
Confesso que também que causa estranheza que se ache nexo de causalidade (relação entre facto e dado – saber se o dado é adequado a produzir o dano) nesta situação. Esta questão dos abraços servirem para uma pessoa ficar exposta a uma substância é um pouco rebuscada. Está certo que os bifes são loucos, mas ao ponto de pagarem uma indemnização indevida, não me parece.
Outro pormenor, um inglês que abraça a filha? A demonstração física de carinho e amor não é uma característica tipicamente britânica. E não, não estou a falar de quecas, que não é bem a mesma coisa.
Em conclusão, só tenho um receio, que aquele pessoal que costuma ler as notícias pela metade se convença agora que se apanha cancro através de abraços. Isso então é que era o fim da picada.